segunda-feira, 8 de outubro de 2007

DE FUNDOS A QUINTAL, DE QUINTAL A DESERTO


Gustavo Cordeiro



“Meu pai levava a gente para almoçar no posto 2, onde ficavam os night clubs. Nessa ocasião, Ipanema eras os fundos” (sic). Fundos, assim é definida a Ipanema dos anos 50 por Carlos Alberto, professor de literatura e dono da Toca do Vinicius. Na memória do professor a diversão ia até o posto 6 e quando o carro virava o Arpoador, o que surgia era uma terra deserta, com mato sobre a areia e brumas completando o clima triste.

Ipanema foi o epicentro da vida artística no final dos anos 1950, e perdurou até meados de 1980, quando um movimento suave começa em direção ao Leblon, atualmente o point da zona sul. Os boêmios eram o coração, o cérebro e a alma do bairro.

Quando se deu o perigeu de Copacabana, os boêmios passaram a ir ao Black Horse, ao Le Bateau e à Sucata. Carlos-Leonam, cronista e membro do clube dos cafajestes, confirma “houve uma extensão da noite, o Castejá abriu o Le Bateau. No final dos 1960 a noite era o Bateau e a boate Sucata, onde se apresentaram todos os nomes da MPB, como Elis Regina, foi onde Caetano Veloso, os Mutantes e Gilberto Gil fizeram o show da tropicália”.

Para Carlos Alberto sempre existe um “quintal” e o “fundo do quintal”, sucessivamente, e a palavra natural é a que melhor define isso. “O centro de tudo era o posto 2, mas depois, esse centro foi para Ipanema, não Ipanema inteira, mas a praça General Osório, que fervia. Passando por lá hoje à noite, é difícil imaginar como era aquilo”. Em sua história, quando Ipanema passou a ser o quintal, teve que surgir outros fundos, o Leblon, “um tremendo areal”.

Nenhum comentário: