quinta-feira, 1 de novembro de 2007

A segunda chance

Rodrigo Abreu


Real, irreal. Como você classificaria o mundo virtual? O Second Life é um ambiente virtual e tridimensional que muitas vezes faz o usuário – ou jogador – realizar sonhos e fantasias tão distantes em seu cotidiano, que há quem o observe com atenção.

“É uma coisa tão incipiente ainda (...) não vejo o jogo como um entretenimento muito diferente daqueles que gostam de comprar livros ou cd´s, como é o meu caso. Ao longo dos meus 44 anos eu já posso dizer que passei por algumas revoluções tecnológicas, e daqui a pouco, poderemos dizer se realmente o Second Life é uma revolução, se emplaca.” - divaga o apresentador Zeca Camargo, em palestra sobre a plataforma para estudantes universitários.

O jogo simula alguns aspectos da vida real e social do ser humano. Dependendo do tipo de uso pode ser encarado como um jogo, um mero simulador, um comércio virtual ou uma rede social.
Para jogar cada usuário cria um avatar – nome dado aos personagens, similar ao nickname dos chats tradicionais – e após o cadastro o jogador pode andar pelas várias ilhas já criadas. O avatar é literalmente jogado no mundo e a partir daí é tentar se virar. Trabalhe para ter dinheiro, converse com as pessoas para ter amigos e se quiser se engajar em partidos políticos, lá também tem como. “Nosso objetivo é agregar jovens inteligentes, atualizados e cultos. Não somos o primeiro partido político a ter sede no Second Life. O partido republicano americano e partidos alemães já aderiram a plataforma” – Rodrigo Dantas, Deputado Estadual do Democratas.

Esse ambiente virtual tem recebido ultimamente muita atenção da mídia internacional, principalmente as especializadas em informática. Pois o número de usuários cadastrados e também os ativos – aqueles que gastam dinheiro real – têm crescido significativamente, e ainda cresce de forma exponencial. Hoje já são mais de 8 milhões de usuários em todo mundo, no Brasil, 400 mil pessoas já aderiram.

Tanto crescimento em tão pouco tempo, já cria oportunidades reais e vem alavancando a vida de muita gente. A demanda por profissionais especializados em modelagem 3D é cada vez maior. Hoje é muito mais simples e barato encontrar cursos que viabilizem esse especialização.

“Cada vez mais vagas aparecem para os trabalhos diretos e indiretos proporcionados pelo Second Life. Isso é ótimo” – diverte-se o designer João Simi.

Mas para aqueles que só se interessam em curtir o que esse mundinho tridimensional tem a oferecer, é necessário tomar alguns cuidados. A possibilidade de gastar dinheiro real, através de débitos no cartão de crédito – no jogo, existe uma cotação similar a do dólar. O dinheiro real é transformado em Linden Dólars, a moeda local – requer um certo grau de discernimento. A professora de filosofia Luciana Cunha explica: “ É possível com pouco dinheiro real o usuário comprar muitas coisas no mundo virtual, como ilhas, carros e mansões. Esse facilidade pode fazer com que as pessoas percam a noção do que é vida real e do que é vida virtual.”

A jogabilidade do Second Life é interativa com quase todos os objetos do cenário, principalmente aqueles que são colocados ali especialmente para ser usados pelas outras pessoas, como fontes de distribuição de jornais, revistas, freebies, e outros. O Second Life é em primeira pessoa, mas não tem a mesma jogabilidade de outros jogos menores em primeira pessoa que não são em LAN, mas isso é compensado pelas inúmeras coisas que ele pode fazer no mundo virtual. Ao aumentar o zoom, o modo de jogo é diferente, o avatar deixa de aparecer na tela, e é substituído por um pequeno alvo, o que aumenta o manuseio de muitos objetos, como armas, por exemplo.
Ainda não há informação de delitos e de existência da força policial no Second Life. Tomara que ao menos em alguma vida, os cidadãos não precisem se preocupar com isso.

Nenhum comentário: